Série improváveis- Indelicado

Não viu as vestes de tristeza

A face sisuda demonstrando

[descontentamento

Deslumbrando-se com a própria sombra

projetada no chão

escura como a alma

Carregava também o peso das

[inseguranças

Não havia atrevimento nos olhares

Duas mentes remoídas

remoendo angústias

desconectadas

Bocas falando para ouvidos surdos

(GeraldoCunha)

Série desempoeirados poemas- Prateleiras

As prateleiras da minha estante são bagunçadas.
Não separo meus livros por assunto, autoria ou região,
Todos que lá estão são importantes ou não estariam.
De tempos em tempos mudos-os de seus lugares,
Dicionários estão espalhados por todos os lados,
Para que não permaneçam mudos e conversem entre si.

Em meio ao monótono dos livros enfileirados ou sobrepostos,
Provoco o caos revisitando memórias e momentos congelados.
Espalhando lembranças de lugares idos e de saudades tantas.
Faço dos livros a companhia para os objetos presenteados,
Digo quem sou através daqueles colecionáveis,
Esperando que escrevam a minha biografia.

GeraldoCunha- o ano foi 2020

Série listas – vazios

A mente e seus subterfúgios

Um buraco oco oco oco

O coco oco oco

O silêncio do eco

sem o qual os ouvidos

não escutam o

ecooooooo

A noite sem os carros.sem os pássaros.sem os passos.

Ausência!

Casa sem o botão

cerzido às pressas

desprendido das costuras

O lado de dentro da metade do copo do insatisfeito.

A sede, vazio de água!

Concha recolhida na praia

aos ouvidos esvaziando o mar

que é vastidão de vazio

Multidão cruzando ruas, esbarrando-se, transgredindo o

sinal, apressadas, falando ao celular, buzinas, buzinas…. tantas buzinas e a sirene da ambulância que para de tocar no meio do trânsito …. não há mais tempo, só um corpo sem alma.

(GeraldoCunha/2022)

Série surtados – Cortem-lhe a cabeça…

Série títulos – Dogville

Série títulos – Dogville
Dogville é um filme lançado em 2003 e dirigido por Lars von Trier. Quando me foi recomendado…anos depois …assisti….revi…comprei o dvd (ainda era assim). Fiquei impactado e sempre fico quando revisito. É um soco no estômago.
Recentemente tive a oportunidade de, na companhia de @elianaecunha , assistir no teatro a montagem com direção de Zé Henrique de Paula e Mel Lisboa no papel de Grace, que no cinema foi de Nicole Kidman. O impacto foi o mesmo.
Só para finalizar acho @mellisboa uma das grandes atrizes do nosso teatro.

Série de improviso – apontamentos do que é o belo

os olhos
puros
enxergam
o belo

o olhar
não traduz
a beleza
do outro
mas de si

O olho
espelha
a própria
beleza

No olhar
o belo
está
de
dentro para fora

Não é o belo
que invade o olhar
é o olhar
que ressignifica
a paisagem

O belo
é o olhar

GeraldoCunha

Série especial- retrospectiva divagações & pensamentos

Improváveis – Livro de poemas (GeraldoCunha)

Uma ótima leitura para começar o ano de 2022

Poesia leve, falando sobre o cotidiano, sentimentos, vivências.

Aquisição https://editorialcasa.com.br/produto/improvaveis-livro-de-poemas/

Venham compartilhar desta experiência comigo.

Pode ser adquirido também pela Amazon e em loja física na Martins Fontes Paulista.

Ou caso prefira…mande um direct pelo Instagram @divagacoes.geraldocunha (aqui com possibilidade de ir autografado)

GeraldoCunha/2021

Série aldravia

Série improváveis (moral da história)

Uma ilustração perfeita é só mais uma ilustração.
Uma ilustração com as imperfeições, da exclusividade dos traços trêmulos da emoção do momento, tem uma história para se contar.

TextoEarte

GeraldoCunha (2021)

Série cotidianos ESPECIAL – Drummond-se

À sombra do tempo
A moça na calçada desfila
sisuda
O atleta sobe as escadas
desce e sobe
tem pressa dos movimentos
surdo ao seu arredor
sibila
em círculos
tonteio só vendo
sorvendo o tempo
procuro
quero sentar
ao longe de mim
quietar

Um cachorro carrega
em sua guia as mãos
arrochadas
Outros livres
latem correm
urinam
no tempo da grama
O homem caminha açodado
outro e outro tantos e nenhum

Tantas coisas só acontecendo
ao mesmo tempo
Tempo do sinal
Tempo da buzina
dos sem tempo
Não vou falar mais do tempo
ando vago urgente
Muito de nós fica no vento

Sento no banco da praça, abro a bolsa, guardo o sem tempo e liberto Drummond…
…”no meio do caminho tinha uma pedra/nunca me esquecerei desse acontecimento”.

(GeraldoCunha/2021)

Série experimentações – telefone sem fio

⁃ Alô.. alô… Alôóóoo!

⁃ Alguém na linha?

⁃ Ninguém responde… não funcionou… latinha está amassada.

⁃ Deve ser então. Estica o fio, ajuda.

[espera …ruídos]

⁃ Oi! Oiiii!

⁃ Está baixo… o som!

⁃ Aloha! É isto!

⁃ Acho que é do Havaí.

⁃ É telefone sem fio bobinho! Não viaja… Não chega tão longe! Responde … vai.

⁃ Saudações estrangeiro! [espera] Não responde!

⁃ tenta de novo… vai… agora mais devagar!

⁃ Tá bom! Chega pra lá…

⁃ S. A. U. D. A. Ç. Õ. E. S. E. S. T. R. A. N. G. E. I. R. O.

[ ruídos]

⁃ estou ouvindo… estou ouvindo … funciona!

⁃ O que disse de lá?

⁃ Acho que foi salada de carangueijo.

⁃ O quê?

⁃ Salada de caranguejo, tenho certeza! O pai catou caranguejo… eu vi!

⁃ Será que é tudo que tem no almoço? Estou com fome!

⁃ Pergunta de novo!

⁃ Alô… alô…[estica o fio]

⁃ Maria está chamando para comer salada de caranguejo?

[espera]

⁃ Fala “câmbio” …fala!

⁃ espera… câmbio … eu entendi.

⁃ O que mais disse?

⁃ Não entendi bem é estrangeiro lembra?

⁃ Não é … é o Mathias!

⁃ Ele disse – Maria está subindo no pé de coqueiro!

[barulho de lata no chão]

⁃ zenildo… zenildo!!!! Volta …

⁃ Vem logo Ricardo, o Mathias e a Soninha devem ter ido para o coqueiral.

⁃ Não … eles estão no estrangeiro Zenildo. Lembra? Havaí.

⁃ Alô… alô … [silêncio]

⁃ Que chato Soninha … Maria sempre estraga o almoço e a brincadeira.

(GeraldoCunha/2021

Série desempoeirados poemas- coração sincero – recado

Na série desempoeirados poemas, trago de volta a série open… meu divã imaginário.

Minissérie desaglomerado

Série poesia concreta – CRUEL

Série cotidianos- invenção das coisas

Gosto de nomear
Dar nomes aos regalos
Meu passarinho de madeira não é mais de madeira é o Sebastião
O pássaro de origami não é mais Tsuru ….. é Miyake
e nisto não se tem nenhum desrespeito
As tartarugas moldadas ao barro pelas mãos da criança
à beira da estrada
Lembram um dia na Serra do Cipó,
Vestiram-se de Araci, Arlete e Matilda
E aquela criança deve ser hoje um adulto… um artista… espero.

Os São Franciscos que vão chegando não são só imagens devoção
simbolizam paz esperança e amizade
Ser lembrado acarinhado
Como os pássaros que os circundam
logo que chegam vão pegando intimidades de Chicos



O beija-flor, aquele do poema que vem na varanda, que se fez cotidiano, nas visitas pelas manhãs e agora às tardes
(Certo que é visita de hospital)
é O beija-flor
pelas carnes
os ossos
as penas …
e o bico que bebe da água que lhe sirvo
e não me pede mais nada



Não tenho livros, tenho Pessoas, Clarices, Drumons, Gabos, Saramagos …. e uma lista desalfabéticas de outros tantos seus vizinhos que se juntam aos Mias , Conceições, Valteres , Quintanas e fazem festa ao som de Abelhas Rainhas Rouxinóis Sabiás que pousam em guardanapos de papel
Só falta objetivar pessoas, não todas, algumas, aquelas que se desumanizaram sem volta.

TextoEfotografia

GeraldoCunha

Origami de bonsai no haicai

Série surtados – projeto Instagram

Série cotidianos- diário

do começo

o dia agarra-se

da necessidade da esperança

batalhas

lutam-se no diário vida

nas folhas descritas

as horas não passam

em branco

enganam-se os que se apegam ao vazio

a tinta invisível denúncia

aos olhos atentos

a rotina cortina os sentimentos

arrasta para debaixo do tapete

os desejos

escrevo os dias

desenho as horas

fotografo os segundos

embalo o tempo

(GeraldoCunha/2021)

Série vale à pena ver de novo – Útero

Quero voltar para o útero de minha mãe.
De onde não queria sair.
Fui expulso!
Não tive escolha, o mundo se abriu.
E eu curioso quis ver como era.
Achei tudo hipnotizante.
Não entendi bem o que vi.
Não compreendi o que as pessoas diziam.
E quis voltar para o útero de minha mãe!
Mas me foi oferecido só os peitos.
Foi o que bastou para eu querer ficar.
No colo me senti tal-qualmente protegido.
Até o momento que ouvi: vai pra vida!
Criei coragem
E eu fui!
Do que venho vivendo
Muito desgostei,
Outros tantos me foi é indiferente,
Um quanto de tudo e um pouco mais, gostei.
Mesmo assim, hoje quero voltar para o útero de minha mãe.

Que todas as mães em todo o universo sejam abençoadas no seu dia especial … que são todos os dias.

GeraldoCunha

Série sem fôlego – insubordinações

entre a varanda e o quarto derrapam pelos cômodos incômodos os poemas escorregam pelas janelas espreitam pelas frestas ficam caídos no corredor agarram-se na tinta descascada que atormenta a parede sobram poucos que se perdem no escuro da alma assombram misturam-se a tantos outros nestes idos e vindos no friúme dos passos descalços da pedra ao assovio do vento que descuida soprando os restos interrompidos para debaixo da cama repousando o branco da folha amarrotada abrasando no fundo da latrina

(GeraldoCunha/2021)

Série minha voz – o desHumano em nós

Agravam-se as crises

Do mais humano em nós.

Revelam-se

Os ocultos sentimentos.

Somos melhores ou piores?

Seremos diferentes ao final?

O final de tudo será um recomeço?

Não temos as respostas.

Constatações apenas:

O desumano que assombrava

Agora fere com palavras, ações e omissões.

O egoísmo de alguns sobreleva,

Para estes foi assim e sempre será!

São faces que não se envergonham frente ao espelho.

Narcisos engolidos pelo poder!

Quando enxergam beleza é na dor do outro.

Socorrem-se a si e aos seus necessários.

Corja que pisa sem piedade.

Falsos… hipócritas

Nestes não depositamos confiança,

Se pensam que são afagados, enganam-se!

O que se tem é desprezo,

Não pisamos, pois se pisamos igualamo-nos.

Se convivemos é por necessidade e por saber que o mundo não é construído só com bondade!

Nem por isto nos tornamos mais desumanos,

Nos protegemos!

Nos encorajamos!

Criamos couraça para sermos mais fortes.

O humano está em muitos de nós.

Não se esconde e não se dá por vencido.

Não sucumbe às falácias e

Continuará em nós.

Se parece que fomos derrotados,

Novamente enganam-se!

Estamos lutando com nossas armas,

Que são diferentes:

Não corrompem,

Não sangram,

Nem por isto são menos eficazes.

Temos a verdade como escudo.

Não é de perfeição que se trata!

É do limite do humano,

De ressaltar o que em nós há de melhor.

São escolhas:

Nas atitudes,

Nos comportamentos,

Um olhar para o coletivo.

Obs: esta série são leituras de poemas autorais no Instagram divagacoes.geraldocunha

(GeraldoCunha/2021)

Série sentimental – cheiro e sabor / ciclos da vida

Tem música com sabor.
Arroz com carne moída,
Fins de tarde em família,
Recordações da infância,
Sítio do Picapau Amarelo!

Tem música com cheiro.
Perfume do primeiro amor,
Amizades incondicionais,
Lembranças da adolescência,
Roda de violão e coca-cola!

Tem música com sabor.
Pão de queijo com linguiça,
Café que acabou de ser coado,
Memórias da juventude,
RPM tocando na vitrola!

Tem música com cheiro.
Flor dama da noite,
Jardim da faculdade,
Reminiscência da mais idade.
Pipoca doce de saquinho!

(GeraldoCunha/2021)

Série reciclos- Penas

duras penas
se arrancam
no tempo
não sangram
consomem-se em arte
voejam

assopram
o vento coça o nariz
plúmulas
descansam
sobre planadas
cerdas
aguçam os sentidos

pena
sinto
dos
que
sangram
e não sentem

(GeraldoCunha/2021)

Série poema e imagens – Maré

Um pouco do mar
O navio a balançar
Um pouco de amor
Uma corrente de vento
Uma maresia na face
O suspiro no ar

Meticulosamente o mar
Misteriosamente o amor
A espera do acontecer
Quando o querer é arriscar
Ao som das ondas
É não tentar chegar
Parar no meio do caminho
O silêncio me atordoa
Por isto busco o mar
O som das ondas a balançar

O marujo toca o apito
O golfinho salta a se mostrar
A vista da praia a sereia
De pedra a encantar
É tanto mar
Areia
Céu
Ar
Um vilarejo
Uma cabana
A bandeira a flamejar
As pessoas as passearem
Lagos e pedras
Cachoeiras que se formam
Entre as pedras
Um pouco de mar
Um pouco de praia
Caminhos e trilhas
Mergulho e vista
Pássaros aninhados
Percurso de amor
Percurso de mar
Preciso amar
Preciso ar
Paz
Ar
Mar
Onde o mar ancorar
Âncora de barco
No azul vastidão
Poema e imagens de arquivo pessoal (Ilha de Fernando de Noronha) – GeraldoCunha

Série uma saudade – episódio 1

A saudade, tema recorrente e que gosto imenso, merecia
spin-off, agora tem sua própria série.

Várias histórias de “saudade” serão traduzidas por sentimentos na sua singularidade, a cada episódio.

(GeraldoCunha/2021)

Poema coletivo – Janelas & Paisagens (tudo junto e misturado)

Enquanto flores refletem o espelho,
Rústicos traços riscam.
Da janela vejo a riqueza do tempo,
Celeste infinito descerra.
Vejo o azul que desvela,
Pandêmica tarde revela,
A lua vai nascer.
Olho pela janela,
A luz ilumina a bancada,
O medo se perde na paisagem
Do belo e do perfeito.
Todo o mundo fica feliz!
Bateu isso na cabeça …
Velhos umbrais
Arrastam paisagens,
Paineira pintada em aquarela!
A vida pulsante é mais que existir no mundo.
Os animais vão dormir à espera do acordar para outro dia começar.
A criança,
O adulto,
Brincam de versos.
Os pássaros,
Ao buscarem alimento na janela
Alimentam estas almas poéticas.

Criação coletiva de @mcmistturacriativa (Michele Cruz), @vicendron (Virgínia Carvalho), @dudinhaborbacunha (Maria Eduarda), @estevammatiazzi (Estevam Matiazzi), Fernando (do blog Chrosnofer), @divagacoesgcc.geraldocunha (GeraldoCunha), a partir do poema de mesmo título das Séries elos e agora desenhos.

Ficam os agradecimentos a todos.

Séries elos & agora desenhos – Janelas e paisagens

Obrigado a todos que participaram do poema elos.

Poemas de: @mcmistturacriativa (Michele Cruz), @vicendron (Virgínia Carvalho), @dudinhaborbacunha (Maria Eduarda), @estevammatiazzi (Estevam Matiazzi do blog @sabedoriadoamor), Fernando (do blog http://Chrosnofer2.WordPress.com @Chrosnofer2.WordPress.com), @divagacoesgcc.geraldocunha (GeraldoCunha).

Ilustrações: GeraldoCunha

Série listas – ideias para compor um poema

Palavra manchada de vinho
Roupa embriagada pelo café
Tudo no plural
Na singularidade dos versos
Dicionário folheado
Sobra do vento assoprado
Suspiro do tempo
Lista de nomes
Alguns riscados
Os negritados…
Saudades acumuladas
Amores desesquecidos
Palavras inventadas
Rompante
Gotas de ódio
Destilados dos outros
Diluídos de amor
Dilúvio
Memórias que não são minhas
Inconsciente atrevido
Novamente memória
Agora coletiva
O voo do super homem
E nem precisa da capa
S de esperança
Chama à realidade
A poesia tem que ser concreta
Fogo que arde sem se ver
Isto já escreveram
Enfrente os clichês
Flores
Sonhos
Amores
Espinhos
AÍ!

GeraldoCunha/2021

Série poema curto – Refúgio

Quando tudo foi se tornando mais difícil,

As vozes foram se silenciando,

Os ouvidos se distanciando,

Refugie-me na poesia.

Encontrei conforto nas palavras

Que me atordoavam,

Transformei o processo de loucura na minha arte,

Fiz dos poetas meus terapeutas,

Da escrita minha companhia,

Foi onde encontrei abrigo.

O refúgio!

O escape!

GeraldoCunha/2021