Um pouco de poesia, um tanto de poemas, outros de ilustrações, sem esquecer da fotografia e muito mais de arte. Produção de GeraldoCunha autor da obra Improváveis – Livro de Poemas, edição 2021. Contato pelo instagram @divagacoes.geraldocunha
As prateleiras da minha estante são bagunçadas. Não separo meus livros por assunto, autoria ou região, Todos que lá estão são importantes ou não estariam. De tempos em tempos mudos-os de seus lugares, Dicionários estão espalhados por todos os lados, Para que não permaneçam mudos e conversem entre si.
Em meio ao monótono dos livros enfileirados ou sobrepostos, Provoco o caos revisitando memórias e momentos congelados. Espalhando lembranças de lugares idos e de saudades tantas. Faço dos livros a companhia para os objetos presenteados, Digo quem sou através daqueles colecionáveis, Esperando que escrevam a minha biografia.
A noite sem os carros.sem os pássaros.sem os passos.
Ausência!
Casa sem o botão
cerzido às pressas
desprendido das costuras
O lado de dentro da metade do copo do insatisfeito.
A sede, vazio de água!
Concha recolhida na praia
aos ouvidos esvaziando o mar
que é vastidão de vazio
Multidão cruzando ruas, esbarrando-se, transgredindo o
sinal, apressadas, falando ao celular, buzinas, buzinas…. tantas buzinas e a sirene da ambulância que para de tocar no meio do trânsito …. não há mais tempo, só um corpo sem alma.
Série títulos – Dogville Dogville é um filme lançado em 2003 e dirigido por Lars von Trier. Quando me foi recomendado…anos depois …assisti….revi…comprei o dvd (ainda era assim). Fiquei impactado e sempre fico quando revisito. É um soco no estômago. Recentemente tive a oportunidade de, na companhia de @elianaecunha , assistir no teatro a montagem com direção de Zé Henrique de Paula e Mel Lisboa no papel de Grace, que no cinema foi de Nicole Kidman. O impacto foi o mesmo. Só para finalizar acho @mellisboa uma das grandes atrizes do nosso teatro.
Uma ilustração perfeita é só mais uma ilustração. Uma ilustração com as imperfeições, da exclusividade dos traços trêmulos da emoção do momento, tem uma história para se contar.
À sombra do tempo A moça na calçada desfila sisuda O atleta sobe as escadas desce e sobe tem pressa dos movimentos surdo ao seu arredor sibila em círculos tonteio só vendo sorvendo o tempo procuro quero sentar ao longe de mim quietar
Um cachorro carrega em sua guia as mãos arrochadas Outros livres latem correm urinam no tempo da grama O homem caminha açodado outro e outro tantos e nenhum
Tantas coisas só acontecendo ao mesmo tempo Tempo do sinal Tempo da buzina dos sem tempo Não vou falar mais do tempo ando vago urgente Muito de nós fica no vento
Sento no banco da praça, abro a bolsa, guardo o sem tempo e liberto Drummond… …”no meio do caminho tinha uma pedra/nunca me esquecerei desse acontecimento”.
Gosto de nomear Dar nomes aos regalos Meu passarinho de madeira não é mais de madeira é o Sebastião O pássaro de origami não é mais Tsuru ….. é Miyake e nisto não se tem nenhum desrespeitoAs tartarugas moldadas ao barro pelas mãos da criança à beira da estrada Lembram um dia na Serra do Cipó, Vestiram-se de Araci, Arlete e Matilda E aquela criança deve ser hoje um adulto… um artista… espero. Os São Franciscos que vão chegando não são só imagens devoção simbolizam paz esperança e amizade Ser lembrado acarinhado Como os pássaros que os circundam logo que chegam vão pegando intimidades de Chicos
O beija-flor, aquele do poema que vem na varanda, que se fez cotidiano, nas visitas pelas manhãs e agora às tardes (Certo que é visita de hospital) é O beija-flor pelas carnes os ossos as penas … e o bico que bebe da água que lhe sirvo e não me pede mais nada
Não tenho livros, tenho Pessoas, Clarices, Drumons, Gabos, Saramagos …. e uma lista desalfabéticas de outros tantos seus vizinhos que se juntam aos Mias , Conceições, Valteres , Quintanas e fazem festa ao som de Abelhas Rainhas Rouxinóis Sabiás que pousam em guardanapos de papelSó falta objetivar pessoas, não todas, algumas, aquelas que se desumanizaram sem volta.
Quero voltar para o útero de minha mãe. De onde não queria sair. Fui expulso! Não tive escolha, o mundo se abriu. E eu curioso quis ver como era. Achei tudo hipnotizante. Não entendi bem o que vi. Não compreendi o que as pessoas diziam. E quis voltar para o útero de minha mãe! Mas me foi oferecido só os peitos. Foi o que bastou para eu querer ficar. No colo me senti tal-qualmente protegido. Até o momento que ouvi: vai pra vida! Criei coragem E eu fui! Do que venho vivendo Muito desgostei, Outros tantos me foi é indiferente, Um quanto de tudo e um pouco mais, gostei. Mesmo assim, hoje quero voltar para o útero de minha mãe.
Que todas as mães em todo o universo sejam abençoadas no seu dia especial … que são todos os dias.
entre a varanda e o quarto derrapam pelos cômodos incômodos os poemas escorregam pelas janelas espreitam pelas frestas ficam caídos no corredor agarram-se na tinta descascada que atormenta a parede sobram poucos que se perdem no escuro da alma assombram misturam-se a tantos outros nestes idos e vindos no friúme dos passos descalços da pedra ao assovio do vento que descuida soprando os restos interrompidos para debaixo da cama repousando o branco da folha amarrotada abrasando no fundo da latrina
Um pouco do mar O navio a balançar Um pouco de amor Uma corrente de vento Uma maresia na face O suspiro no ar
Meticulosamente o mar Misteriosamente o amor A espera do acontecer Quando o querer é arriscar Ao som das ondasÉ não tentar chegar Parar no meio do caminho O silêncio me atordoa Por isto busco o mar O som das ondas a balançar
O marujo toca o apito O golfinho salta a se mostrar A vista da praia a sereia De pedra a encantar É tanto mar Areia Céu ArUm vilarejo Uma cabana A bandeira a flamejar As pessoas as passearem Lagos e pedras Cachoeiras que se formam Entre as pedras Um pouco de mar Um pouco de praia Caminhos e trilhas Mergulho e vista Pássaros aninhados Percurso de amor Percurso de mar Preciso amar Preciso arPaz Ar Mar Onde o mar ancorar Âncora de barco No azul vastidãoPoema e imagens de arquivo pessoal (Ilha de Fernando de Noronha) – GeraldoCunha
Enquanto flores refletem o espelho, Rústicos traços riscam. Da janela vejo a riqueza do tempo, Celeste infinito descerra. Vejo o azul que desvela, Pandêmica tarde revela, A lua vai nascer. Olho pela janela, A luz ilumina a bancada, O medo se perde na paisagem Do belo e do perfeito. Todo o mundo fica feliz! Bateu isso na cabeça … Velhos umbrais Arrastam paisagens, Paineira pintada em aquarela! A vida pulsante é mais que existir no mundo. Os animais vão dormir à espera do acordar para outro dia começar. A criança, O adulto, Brincam de versos. Os pássaros, Ao buscarem alimento na janela Alimentam estas almas poéticas.
Criação coletiva de @mcmistturacriativa (Michele Cruz), @vicendron (Virgínia Carvalho), @dudinhaborbacunha (Maria Eduarda), @estevammatiazzi (Estevam Matiazzi), Fernando (do blog Chrosnofer), @divagacoesgcc.geraldocunha (GeraldoCunha), a partir do poema de mesmo título das Séries elos e agora desenhos.
Poemas de: @mcmistturacriativa (Michele Cruz), @vicendron (Virgínia Carvalho), @dudinhaborbacunha (Maria Eduarda), @estevammatiazzi (Estevam Matiazzi do blog @sabedoriadoamor), Fernando (do blog http://Chrosnofer2.WordPress.com @Chrosnofer2.WordPress.com), @divagacoesgcc.geraldocunha (GeraldoCunha).
Palavra manchada de vinho Roupa embriagada pelo café Tudo no plural Na singularidade dos versos Dicionário folheado Sobra do vento assoprado Suspiro do tempo Lista de nomes Alguns riscados Os negritados… Saudades acumuladas Amores desesquecidos Palavras inventadas Rompante Gotas de ódio Destilados dos outros Diluídos de amor Dilúvio Memórias que não são minhas Inconsciente atrevido Novamente memória Agora coletiva O voo do super homem E nem precisa da capa S de esperança Chama à realidade A poesia tem que ser concreta Fogo que arde sem se ver Isto já escreveram Enfrente os clichês Flores Sonhos Amores Espinhos AÍ!