Um pouco de poesia, um tanto de poemas, outros de ilustrações, sem esquecer da fotografia e muito mais de arte. Produção de GeraldoCunha autor da obra Improváveis – Livro de Poemas, edição 2021. Contato pelo instagram @divagacoes.geraldocunha
As canções. Feitas para mim. Que são todas com as quais me identifico. As melodias que minha alma valsa. O estranho som. O eclético. Aquela que me difama. Silêncio. Estrondo. Contradição.
Os poemas. Que não escrevi. E recito. Como se fossem a minha voz. O desarranjo das palavras que soletro no papel. Amando ou indignando. O verso. A métrica. O escândalo.
As pessoas. Que me envolvem. Com todos os abraços. As que afastam. Os braços. No trânsito sou um rosto. Sem expressão. O espanto. Medo. Reação.
Os objetos. Dispostos na estante. Engavetados. Adornos. Restos de mim jogados no lixo. A roupa que me tira a nudez. Sou pudor.
A solidão. Um rosto na multidão. Sou todos. Não estou sozinho.
A palavra. O singular e o plural. A mensagem que me chega. O poema compreendido. O protesto. O risco no espelho.
ervas daninhas, pétalas, rabiscos, espinhos, folhas secas, papel A4, joaninhas pintadas, nos galhos quebrados, cores de Almodóvar, ao som de Calcanhoto, poeira de vento, uma cigarra cantando, eu dançando, a natureza compondo, a terra sob a unha, o brotar, a gota de orvalho, o canteiro preparado, que rima com arado, o sol queimando, muitas borboletas, outrora indesejadas lagartas, a contradição, as palavras, mudas, enfileiradas, falam, outra contradição
tudo são flores
(GeraldoCunha)
(Título inspirado em minhas primeiras lições – na gramática concordância verbo ser – esta frase nunca saiu da minha cabeça, era a poesia me chamando)
Lançada originalmente no Instagram esta minissérie de desenho a cores e versos é sobre os sentimentos que os pássaros, os desenhos e as cores nos transmitem.
Não tivesse eu me arriscado nos traços e na escrita e me desavergonhado de mostrá-los não teria enxergado a beleza de tantas descobertas e os tantos caminhos que se abrem.
A planta que você me deu morreu! Penso que teve todos os cuidados de minha parte. Mesmo assim, foi definhando e morreu. Eu me penitencio, faço auto julgamento. E não entendo. Escolhi o melhor lugar, para colocar o mais bonito vaso, que chegou inundando dos afetos. Talvez tenha havido excessos para mais? Se me permite a redundância. De água, de adubo, de carinho. Dizem que carinho pode sufocar, disto não sei! Sigo acarinhando! Pode ser que tenha sido excesso para menos. E nem sei se excesso é conta que se faça para menos! O menos de água, o pouco do revolver a terra, o abandono pelas ausências sem aviso prévio, falta de ar das janelas fechadas. Conquanto tudo isto, carinho de menos não teve! Meu olhar sempre foi de alegria, a cada encontro e reencontro. Satisfação com as conquistas, uma folha que surgia, motivo de comemoração. A tentativa da flor, êxtase. Não bastou. Mesmo no silêncio da resposta conversava, tentava compreender, pelos gestos, no movimento das folhas. Se falhei foi culpa dos excessos, para mais e para menos. Reconheço os meus excessos. Sigo, tentando encontrar o ponto de equilíbrio!
A planta de você me deu morreu! Mas antes de partir me deixou uma pequena mudinha, que ainda insisto em cultivar!
Escrevo este desabafo em forma de poema e deixo publicado em um livro! Porquê você também não está mais aqui.
Uma ilustração perfeita é só mais uma ilustração. Uma ilustração com as imperfeições, da exclusividade dos traços trêmulos da emoção do momento, tem uma história para se contar.