Poemas experimentais – Nem tudo é flores

no jardim das poéticas

ervas daninhas, pétalas, rabiscos, espinhos, folhas secas, papel A4, joaninhas pintadas, nos galhos quebrados, cores de Almodóvar, ao som de Calcanhoto, poeira de vento, uma cigarra cantando, eu dançando, a natureza compondo, a terra sob a unha, o brotar, a gota de orvalho, o canteiro preparado, que rima com arado, o sol queimando, muitas borboletas, outrora indesejadas lagartas, a contradição, as palavras, mudas, enfileiradas, falam, outra contradição

tudo são flores

(GeraldoCunha)

(Título inspirado em minhas primeiras lições – na gramática concordância verbo ser – esta frase nunca saiu da minha cabeça, era a poesia me chamando)

Série poema curto- Gostar pelo avesso

Série o poeta- jardineiro

Improváveis – Livro de poemas (GeraldoCunha)

Uma ótima leitura para começar o ano de 2022

Poesia leve, falando sobre o cotidiano, sentimentos, vivências.

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Ou caso prefira…mande um direct pelo Instagram @divagacoes.geraldocunha (aqui com possibilidade de ir autografado)

GeraldoCunha/2021

Série surtados – menos é mais

Série surtados – instantâneo

Série desempoeirados poemas- ausência conformada – sinais

Na série desempoeirados poemas, trago de volta a série open… meu divã imaginário.

Série desempoeirados poemas- coração sincero – recado

Na série desempoeirados poemas, trago de volta a série open… meu divã imaginário.

Série surtados – hibernação

Série surrados – Pareidolia

Série cotidianos- diário

do começo

o dia agarra-se

da necessidade da esperança

batalhas

lutam-se no diário vida

nas folhas descritas

as horas não passam

em branco

enganam-se os que se apegam ao vazio

a tinta invisível denúncia

aos olhos atentos

a rotina cortina os sentimentos

arrasta para debaixo do tapete

os desejos

escrevo os dias

desenho as horas

fotografo os segundos

embalo o tempo

(GeraldoCunha/2021)

Série sentimental – Faces do perdido

Depois de todo este tempo
O passado se vai distante
Imagens disformes
Formas perdidas
Rostos sem faces
Névoa
Nada

O futuro não ecoa
Escuridão dos planos
Imersão na ausência
Sem corpos
O Inominável
Breu

O tempo que resta
O agora
E é triste
Tem esperança
E basta
Quando não há

GeraldoCunha/2021

Série poemamínimo – Brasil

Série títulos longos – Desbotadas cores vivas pululantes preenchem o papel invadem vida expulsam os tons pastéis para as bordas

tons pastéis
nas bordas
traçados espaços
definindo limites
régua prisional

tremer das mãos
desafiando os contornos
rompimento

lápis
carrega a cor
salta
para o papel
preenche pontilhados
em miúdos círculos
concêntricos
marejados

em algum momento
as cores
Escapam da tela
tonificam a pele
reverberando vida

GeraldoCunha/2021

Série poema curto – flerte noturno

Vou dormir meu sono
Acordar meus sonhos
Flertar com a insônia
Rolar meu travesseiro
De encontro ao peito
Chutar a manta que me descobre
Depois de muito resistir
Abraçar os fantasmas que me visitam

GeraldoCunha/2021

Divagação 86

Tem discussão que para não continuar a única resposta possível é:
– pare! Isso tudo é uma grande bagagem.

(GeraldoCunha/2021)

Série cotidiano – Beija-flor

Tem um beija-flor na varanda
Todos os dias vem me visitar
Pelas manhãs
No mesmo horário
Entre dez e onze horas
Chego na bancada
E logo vem
Um voo de aproximação
Uma paradinha no ar
Para logo pousar sempre no mesmo galho seco
Por segundos
E voa
O amor vai
Embora

(GeraldoCunha/2020)

Divagação 85

Você percebe que o mundo não está bem quando o terapeuta vira seu paciente.

(GeraldoCunha/2020)

Divagação 84


Nos fazem acreditar em coisas que não somos
E quase sempre somos nós que só acreditamos em coisas
Ser… coisa…ser
Nos … desata!
(GeraldoCunha/2020)

Série poema curto – Paradoxo


Não ontem
Não mais cedo
Agora
Sou
Uma
Peça
Mínima
Nesta engrenagem
Substituível
Não daqui a pouco
Não amanhã
Agora
Olho
Para
Os lados
Só vejo
As cinzas
Uma semente
Terra
Água

(GeraldoCunha/2020)

Sem título


Estive escondido pela vida,
Que quando ressurgi assustei
Aos outros,
A mim.
Quando olhei para trás
E a porta se fechou,
Não tinha como voltar,
Como me esconder.
E já não era o que eu queria.
A cada passo uma luz se acende,
Tremula,
Pisca fraca e vai se fortalecendo.
Sigo, desafiando os que dizem:
– não pode!
– não é capaz!

(Sempre quis fazer um poema sem
Título)

GeraldoCunha

Desbotado


Quando você partiu
E foi aos poucos,
Não imaginava
Que o silêncio tinha cor.
A tristeza tem cor desbotada e com respingos.
As lembranças foram-se manchando, perdendo os tons!
O vermelho não era mais vermelho,
O azul tomou-se de um cinza amargurado.
O amarelo, com suas nuanças, já não tinha o brilho que aquecia.
Empalideceu!
E foi assim aos poucos,
Descorando-se.
A voz já não segurava as cores.

(GeraldoCunha/2020)

Estranhos poemas


Tudo que não disse com palavras,
Mas deixou escapar pelo olhar.
O espaço entre as minhas mãos e os seus cabelos.
A fumaça que escapa da xícara, atravessa as narinas e dissipa.
As letras escapando entre os dedos.
A folha que se desprende do galho e pousa suave sobre a página a virar.
A última frase da música ou talvez a primeira, nunca o refrão.
O atrevimento inesperado no memento tão esperado.
O soco, já disseram isto também. O soco!
O risco na parede, direcionado para a janela.
Janelas são poemas prontos, que se renovam todos os dias.
Tudo que pensei no segundo seguinte àquele olhar.
Nenhuma das opções acima, ou todas, exceto uma.

(GeraldoCunha/2020)

Divagação 83


Por onde passo querem curar minhas dores medicando, aplicando terapias, indicando mantras, fazendo orações, quando o que é preciso é só um abraço sincero e um ombro amigo.

(GeraldoCunha/2020)

Divagação 82


Queria apagar todas as poesias.
Mas não se apaga o passado.
Nem o desejo de um futuro melhor.
É só um desalento poético do presente.

(GeraldoCunha/2020)

Divagação 81


Não deixe que o silêncio e a indiferença do outro diante das suas escolhas te defina.
Se foi capaz de fazer escolhas é capaz de minar a indiferença dos outros com seu sucesso pessoal.

Dar tempo ao tempo


(Estou também no Instagram @divagacoesgcc.geraldocunha)

Hoje vou dar um tempo ao tempo
D E S L I G A R E I:
O relógio para não despertar;
O telefone para não incomodar;
A televisão para não clarear.
F E C H A R E I:
A cortina para o sol não entrar;
As caixas da mente para não pensar;
O caderno para não criar.
D E I X A R E I :
O tempo descansar …
Dos ponteiros;
Dos clarões;
Do poeta.

(GeraldoCunha/2020)

Divagação 80

Meus olhos enxergam
Mais do que a mente pode alcançar,
Tropeço nas sombras dos rancores.
Prefiro andar de olhos fechados!

(GeraldoCunha/2019)

Divagação 78

Quando aprendi a estar só, entendi o que é estar sozinho, me acostumei com a solidão e compreendi que nela pode haver felicidade, aconchego e sossego.

(GeraldoCunha/2018)

Divagação 77

Entre o certo e o errado há um infinito de possiblidades, na dúvida fique sempre no meio.