Poema de improviso – Invisível

Hoje quero sair por aí

ir a lugares não percebidos

ver pessoas não vistas

fotografar invisibilidades

andar em ruas desertas

cumprimentar carros estacionados

esquecido do verão

quero sentir o perfume de rosas

tocar suas cores que não estão lá

pisar na grama

sentir a terra que as hospedou

Voltar para casa e me vestir

(GeraldoCunha/2023)

Poema diário – instante

Poemas experimentais – Entremeios

são três

um no entremeio

entre dois lados

um sim

um não

um talvez

a linha

do delimite

de um do outro

um corpo

dois corpos

o calor entre

a casca

o lambuzado

o bagaço

a carne

a tentação

as carnes

parte

entre

parte

(GeraldoCunha/2023

ArteGeraldoCunha

G

Poemas experimentais – Horizonte belo

O Horizonte é belo

em dias nublados

no limite sul

a serra se descortina

Em dias de calor

raios de sol

integram à paisagem

Projetada à sombra

o Monumento à Paz

aponta para o alto

na fé abençoa o povo

Tal Cristo Redentor

sob ataques de falácias

direciona o horizonte

abre os braços

para a avenida

que se ramifica

em estados e tribos

aos berros de buzinas

esquecidos os elos

escutam-se sons de pássaros

glorificando a paz

das montanhas

das matas ribeiras

(GeraldoCunha/2023)

Pelas lentes de GeraldoCunha

Poemas experimentais – Versos sôfregos

O inóspito do entardecer dos versos,

Que queimam à luz do último clarão,

O suspiro de um poeta agarrando-se ao inominável,

Que as palavras insistem em descrever.

Cada frase é sofrida de dor da alma

e o corpo sente por igual.

(GeraldoCunha/2023)

Arte GeraldoCunha

Poemas experimentais – Grãos soltos

desertos dias

o vento sopra

as areias

espalham grãos

atacam os olhos

invadem os calçados

largados no assoalho

porção terra

irritam os pés

arrastados

desérticos dias

de nuvens praias

e lábios secos

(GeraldoCunha/2023

Beija-flor (Grafite por GeraldoCunha)

Poemas experimentais – Teia de aranha

No teto

sobressai

a seda tecida

milimétrica

pontilhada

É bela

mas irrita

os olhos

observadores

pousa a xícara

desacomoda-se

Espanta a aranha

que escapa dos pés

socorre-se na luminária

Destroça o bordado

que se prende à piaçava

linhas disformes

Aquieta a vassoura

na quina da mesinha

Abre uma caixa

Senta-se na poltrona

Afia as garras

e se põe a tricotar

(GeraldoCunha)

Poemas experimentais – Nem tudo é flores

no jardim das poéticas

ervas daninhas, pétalas, rabiscos, espinhos, folhas secas, papel A4, joaninhas pintadas, nos galhos quebrados, cores de Almodóvar, ao som de Calcanhoto, poeira de vento, uma cigarra cantando, eu dançando, a natureza compondo, a terra sob a unha, o brotar, a gota de orvalho, o canteiro preparado, que rima com arado, o sol queimando, muitas borboletas, outrora indesejadas lagartas, a contradição, as palavras, mudas, enfileiradas, falam, outra contradição

tudo são flores

(GeraldoCunha)

(Título inspirado em minhas primeiras lições – na gramática concordância verbo ser – esta frase nunca saiu da minha cabeça, era a poesia me chamando)

Minissérie: escrevo flores

Série O poeta – Quanto custa um poema?

um lado de sorriso

rio lágrimas

centímetros de raiva

terça parte da alegria

longo olhar

trêmulos lábios

centelhas de paixões

novas amizades

soma em dinheiro

mãos que abraçam livros

com 20% de desconto

carretel de emoções

centenas de transformações

custa saudade

o preço de uma taça de vinho

o tempo do por do sol

uma passagem para a lua

sem sair da cama

(GeraldoCunha)

Memórias- Poema da arrogância 2018

Série sentimentais – Grite o silencio

no sufoco
internalize
o necessário
solte
o grito
oco
agonize a dor
que corrói
anseie
a liberdade
presa
na ansiedade
inexplicável

(GeraldoCunha/ 2022)

Série improváveis- nosso tempo

Todos temos nosso tempo
para tomar decisões
para fazer o que nos propomos
para não fazer nada

Todos temos nosso tempo
para não importar
para gritar
para parar tudo

Todos temos nosso tempo
e temos a pressão
do para ontem
do para agora
do correr contra o tempo

Todos temos nosso tempo
e o livre arbítrio de dizer
agora não!

(GeraldoCunha/2022)

Série cotidianos – Folha verde

Série O poeta – Sangra

Série sentimentais – aqueça

Desempoeirados poemas- Cores

Série O poeta – Bloquinho

Folheadas as páginas

do bloquinho de anotações

carregado no bolso da camisa,

amassado, macerado pelo tempo da escrita e das rasuras, observa o

branco contraste do ontem escrito com o cinza dos sentimentos que não afloram. O papel não segura o risco do grafite.

O poeta descansa o toco do lápis no canto da boca,

olha para o horizonte, enxerga um infinito sob a copa das árvores, respira, fecha o bloquinho, o recoloca no bolso e volta a caminhar.

Caminhar hoje é a poesia.

(GeraldoCunha/2022)

Minissérie Pássaros- Sofrê / Corrupião

Minissérie Pássaros- Gaturamo / Fim/fim

Minissérie Pássaros- Sabiá-laranjeira

Minissérie Pássaros- Alma-de-gato

Minissérie Pássaros – Cardeal da Amazônia

Minissérie Pássaros – Pássaro preto

Minissérie Pássaros – apresentação

Lançada originalmente no Instagram esta minissérie de desenho a cores e versos é sobre os sentimentos que os pássaros, os desenhos e as cores nos transmitem.

Não tivesse eu me arriscado nos traços e na escrita e me desavergonhado de mostrá-los não teria enxergado a beleza de tantas descobertas e os tantos caminhos que se abrem.

GeraldoCunha/2022

Série cotidianos – o vento e o tempo

Os pássaros desenham na janela

[cânticos

O beija-flor raro com o sobrevoo suas asas

minhas asas

desenhamos mandalas

[na varanda no reflexo do vidro no pensamento no papel

as plantas agradecem o frescor

brisa no esguicho da água

umedece a terra

alimenta pela raiz

O vento

sempre é o vento

que derruba o lápis

sacode as folhas

sopra no ouvido

leva o beija-flor

suspiro

onde está Bibiana?

nostálgico

esquecido dos pensamentos

volto ao papel

e desenho recordações

o tempo é o vento

“Nasci em um dia de vento, como esse, e a velha tesoura de minha bisavó me separou de minha mãe.”

(O tempo é o vento – Érico Veríssimo)

GeraldoCunha/ 2022

Série sentimentais – É preciso

Série Ateliê digital – telas

Tela: O barco
Tela: miragem
Tela: solitude
Tela: A borboleta azul
Tela: mergulho

Artista: GeraldoCunha

Serviço: Telas desenhadas em processo digital

Série desempoeirados poemas – Aos mestres com amor

Série de improviso- Seja feliz

Seja!

Arraste os móveis para o canto

(Quem nunca pensou nisto?)

Assente a vergonha na cadeira mais distante.

E dance!

(Quem nunca fez isto, que atire a primeira flor)

Ligue o som, apague a luz

e…

Seja

Feliz.

Você.

e

não se julgue.

Assente os preconceitos nas cadeiras (aquelas que estão ao lado da vergonha).

Se for da ousadia,

Abra a porta e os expulse junto com a vergonha!

(GeraldoCunha/2022)

Ilustração GeraldoCunha