Tudo se modificando tão depressa No lentamente do tempo Os anos passam Um sobre o outro Entre rosas e bolos Se acendem E se apagam Ao sopro da vela Rajada de vida Ventos de sonhos Desejos em ebulição Um mundo novo por colorir Com as cores de sua escolha Refletindo suas realizações
GeraldoCunha/2021
Dedicado a Gabriela Borges, afilhada querida, pelo seu aniversário.
Leve A xícara na boca Escorrega os lábios O aquecido da língua esquecido O tempo de outrora Seguro na alça Firme no calor exalado Pela fumaça Da canela Em pó O aroma Vertigem da memória relampejo Ao repouso da louça O beijo marcado De onde deslisa a lágrima Alcança o pires Seca ao dedo Que vai à boca tênue Repouso lento Do nascer do dia Ressaca da noite volúpia
Sou um caderno de emoções,
Diário de sentimentos,
Escrevo, apago e reescrevo quem sou.
Não deixo as páginas em branco.
Marco-as com as tintas da vida.
Uso todas da palheta!
Preencho com o vibrante dos tons
Os momentos de otimismo e felicidade,
Rasuro os cinzas dos meus medos,
Procurando resgatar as cores.
Envergo o pincel, mas não me sucumbo.
Com as mãos firmes, seguro o tremor,
Contenho os temores e transponho a página,
Restaurando meu passado,
Renascendo no capítulo seguinte,
Para mais um salto à frente,
Vencendo meus medos com serenidade
E colorindo de amarelo os meus dias que eram de cinzas.
Poderia ser uma pergunta.
Poderia ser uma afirmação.
Poderia ser uma interjeição.
Mas é só uma frase sem futuro,
Pois quando perceber foi tarde demais…
Passou!
(GeraldoCunha/2020)
Vamos, é a nossa música!
Nós não temos uma música.
Agora temos.
Não sei dançar.
Siga meus pés.
E se eu pisar nos seus?
Eu te carrego pelo salão.
(Um respiro)
Deixe-se levar aos rodopios.
Posso cair.
Eu te seguro no segundo antes do chão.
Mas…
(O corpos se entrelaçam mais forte)
Não tenha medo, entregue-se.
Não tenho.
(Sussurros ao ouvido)
Então feche os olhos.
Já estavam fechados.
Os meus também.
(Suspiros)
(Rodopios)
(Mais rodopios)
(Pausa)
A música parou de tocar.
Mesmo? Não percebi.
Faz mais de uma hora.
Não escutei o tempo parar.
Não abra os olhos.
Deixe-se levar.
(GeraldoCunha/2020)
Recomendo a leitura do poema Nos passos e braços da poesia do amigo poeta mineiro Estevan MATIAZZ do blog Sabedoria do Amor, que surgiu de um delicioso desafio poético.
Eu sou assim!
Foi o que Eu disse.
E todos partiram!
Tentei ser outro Eu,
Para que viessem, voltassem.
Vieram, voltaram alguns… por um tempo.
Mas não queriam este Eu,
Quereriam o outro Eu antes rejeitado.
E Eu notei…
Nunca fui outro.
Aí percebi o quanto sou injusto comigo.
Não sou Eu, são os outros.
Não compreenderam a essência do personagem.
É um alivio, um alento.
E só posso pensar:
Está tudo certo, como deve ser.
É como fechar um livro e abrir outro.
De qual poesia você mais gostou?
– aquela que você ainda não escreveu.
Como assim?
– assim mesmo, aquela que está por vir, que faz você vibrar a cada palavra escrita e eu posso daqui ver os seus olhos brilharem, sentir o calor do sorriso acanhado do lado esquerdo da sua boca. É tímido e lindo. E você nem me percebe, ali no outro canto, a abraçar uma xícara de chá, envolver-me em uma manta a espantar o frio a te admirar.
E eu respondo:
– Percebo, pois você é minha inspiração.
E você responde:
– e você é minha poesia.
Eu daqui, atravesso a tela
E digo dos nossos beijos distantes,
Ausentes dos toques dos lábios.
Mas nosso amor está mais próximo
Das palavras compartilhadas, tecladas, expondo e envolvendo nossos sentidos, nossos sentimentos;
Dos olhares que se encontram refletidos, qual espelho, e se amam intensamente, mais e mais.
Mesmo sendo através do toque do Touch na tela,
Nosso amor resiste e inside por entre os íons e ondas magnéticas do nosso computador.
Porquê, embora sem ainda termos nos tocado e nos encontrado pessoalmente o amor aconteceu!
Como dizem os poetas, quem ama, ama com o coração e ama mesmo e apesar da distância!
Contigo as minhas noites ficam prazerosamente mais longas…
E os meus sonhos mais bonitos!
A “tela” não é capaz de deter o meu bem querer!
Mesmo com uma “janela aberta” de bate-papo, uma imagem na tela, um fone no ouvido, não me bastam pra matar a saudade, a vontade de me conectar a você total e demoradamente … “Amor Virtual!”
este poema é uma parceria entre
@meus_eseus_escritos_ne &
@divagacoes.gcc.geraldocunha
Invada a minha casa,
Pela porta,
Pela janela.
Grite!
De alegria.
Traga uma notícia boa!
Ocupe os espaços vazios.
Incomode o silêncio,
Incomode os vizinhos,
Que não vão se importar.
Encha de vida,
A sala,
O quarto.
A varanda.
O copo.
O corpo.
Atropele as palavras,
Troque gargalhadas,
Compartilhe risadas,
Fale! Fale! Fale!
De coisas boas
De ontem,
De hoje,
Para amanhã!
Quando você partiu
E foi aos poucos,
Não imaginava
Que o silêncio tinha cor.
A tristeza tem cor desbotada e com respingos.
As lembranças foram-se manchando, perdendo os tons!
O vermelho não era mais vermelho,
O azul tomou-se de um cinza amargurado.
O amarelo, com suas nuanças, já não tinha o brilho que aquecia.
Empalideceu!
E foi assim aos poucos,
Descorando-se.
A voz já não segurava as cores.
Tudo que não disse com palavras,
Mas deixou escapar pelo olhar.
O espaço entre as minhas mãos e os seus cabelos.
A fumaça que escapa da xícara, atravessa as narinas e dissipa.
As letras escapando entre os dedos.
A folha que se desprende do galho e pousa suave sobre a página a virar.
A última frase da música ou talvez a primeira, nunca o refrão.
O atrevimento inesperado no memento tão esperado.
O soco, já disseram isto também. O soco!
O risco na parede, direcionado para a janela.
Janelas são poemas prontos, que se renovam todos os dias.
Tudo que pensei no segundo seguinte àquele olhar.
Nenhuma das opções acima, ou todas, exceto uma.
Só restou nossa música,
Que o tempo não apaga.
É onde você vive em mim.
É ao que ficamos reduzidos.
Uma melodia e ritmo,
Sem nenhuma harmonia,
Mas eu não deixarei de dançar!
(GeraldoCunha/2020)
Sinto uma solidão imensa,
Mas quero estar sozinho,
Para sentir a saudade:
Dos braços acolhimento,
Do toque sedução,
Do colo aconchego.
Não aprendi a amar!
O pensar do amor
Foi arremedo de gostar.
Os poetas amam a solidão!
Afastam-se da realidade
Para sofrerem por demais,
Iludidos pelas emoções,
Enamoram-se das palavras.
Esquecem de amar
E observam a vida a passar,
Como páginas em branco
Arrastadas pelo vento.
Na solidão das palavras,
O querer estar junto é ilusão,
Realidade que perdeu para ficção.
E o vulto do amor escapa:
Pelo reflexo do espelho,
Pela penumbra da cortina,
Pela sombra que cruza a esquina.
Não há quem fique à espera
De quem está só amando o vazio!
Não queria estar só.
Timidamente me recolhia,
escondendo atrás das cortinas,
espreitando as frestas das janelas.
Na iminência da proximidade,
sorrateiramente me entranhava
entre as cobertas e ficava ali,
atenciosamente,
prendendo a respiração ofegante,
esperando retornar ao conforto da minha solidão.
Novamente sozinho pensava ter
recuperado minha liberdade,
antes ameaçada,
mas logo percebia que o estar
sozinho não era liberdade
e sim solidão.
E só eu não queria estar.
Impulsivamente eu emergia
daquelas cobertas
que serviam de refúgio e,
ainda ofegante,
abria as cortinas atrás das quais me escondia,
escancarava as janelas,
deixando o ar e sol invadir aquele quarto
e, loucamente,
pedia para você voltar
pela porta entreaberta.