Sou o que me descreve.
As canções. Feitas para mim. Que são todas com as quais me identifico. As melodias que minha alma valsa. O estranho som. O eclético. Aquela que me difama. Silêncio. Estrondo. Contradição.
Os poemas. Que não escrevi. E recito. Como se fossem a minha voz. O desarranjo das palavras que soletro no papel. Amando ou indignando. O verso. A métrica. O escândalo.
As pessoas. Que me envolvem. Com todos os abraços. As que afastam. Os braços. No trânsito sou um rosto. Sem expressão. O espanto. Medo. Reação.
Os objetos. Dispostos na estante. Engavetados. Adornos. Restos de mim jogados no lixo. A roupa que me tira a nudez. Sou pudor.
A solidão. Um rosto na multidão. Sou todos. Não estou sozinho.
A palavra. O singular e o plural. A mensagem que me chega. O poema compreendido. O protesto. O risco no espelho.
(GeraldoCunha)

Este risco no espelho, pode ter ser arriscado, mas, também pode ter sido apenas riscado.
CurtirCurtir