Série experimentações – telefone sem fio

⁃ Alô.. alô… Alôóóoo!

⁃ Alguém na linha?

⁃ Ninguém responde… não funcionou… latinha está amassada.

⁃ Deve ser então. Estica o fio, ajuda.

[espera …ruídos]

⁃ Oi! Oiiii!

⁃ Está baixo… o som!

⁃ Aloha! É isto!

⁃ Acho que é do Havaí.

⁃ É telefone sem fio bobinho! Não viaja… Não chega tão longe! Responde … vai.

⁃ Saudações estrangeiro! [espera] Não responde!

⁃ tenta de novo… vai… agora mais devagar!

⁃ Tá bom! Chega pra lá…

⁃ S. A. U. D. A. Ç. Õ. E. S. E. S. T. R. A. N. G. E. I. R. O.

[ ruídos]

⁃ estou ouvindo… estou ouvindo … funciona!

⁃ O que disse de lá?

⁃ Acho que foi salada de carangueijo.

⁃ O quê?

⁃ Salada de caranguejo, tenho certeza! O pai catou caranguejo… eu vi!

⁃ Será que é tudo que tem no almoço? Estou com fome!

⁃ Pergunta de novo!

⁃ Alô… alô…[estica o fio]

⁃ Maria está chamando para comer salada de caranguejo?

[espera]

⁃ Fala “câmbio” …fala!

⁃ espera… câmbio … eu entendi.

⁃ O que mais disse?

⁃ Não entendi bem é estrangeiro lembra?

⁃ Não é … é o Mathias!

⁃ Ele disse – Maria está subindo no pé de coqueiro!

[barulho de lata no chão]

⁃ zenildo… zenildo!!!! Volta …

⁃ Vem logo Ricardo, o Mathias e a Soninha devem ter ido para o coqueiral.

⁃ Não … eles estão no estrangeiro Zenildo. Lembra? Havaí.

⁃ Alô… alô … [silêncio]

⁃ Que chato Soninha … Maria sempre estraga o almoço e a brincadeira.

(GeraldoCunha/2021

Série poesia concreta – desamargo

Série poema curto- versos sôfregos

Improváveis- livro de poemas EM BREVE

Série cotidianos- replantio

De uma estação
à outra,
folhas nascem, crescem, secam, caem e as flores espalham o pólen;
à outra,
os galhos finos, engrossam, envergam, escurecem, cascam e descascam… secam a seiva e desabrigam as folhas;
à outra,
os pássaros, vermelhos, cinzas, todas as cores, cantantes, papagaios e … os beija-flores… meus encantamentos; besouros e mais insetos, morcegos, todos não serão mais, além do seu tempo;
à outra;
o sol mais quente, sem as águas certeiras, sem março, junho, setembro, dezembro nos desajustes, nos desencontros, nas inobservâncias do insubstituível.
Um dia esta árvore em poema restará, não estará mais aqui, nos não estaremos, naturalmente;
à rua restará os concretos, asfaltos, carros, as estações e um canteiro ao replantio.

(GeraldoCunha/2021)

Série poema curto – não vire o olhar

Série sentimental- paciência (in)sano ser

Série desempoeirados poemas- só queria dizer

Na série desempoeirados poemas, trago de volta a série open… meu divã imaginário.

Série desempoeirados poemas- ausência conformada – sinais

Na série desempoeirados poemas, trago de volta a série open… meu divã imaginário.

Série desempoeirados poemas- coração sincero – recado

Na série desempoeirados poemas, trago de volta a série open… meu divã imaginário.

Série agora desenhos – tropical

Série haicai- 2

Série haicai- 1

Série surtados – hibernação

Série poesia concreta – crisálida

Série sentimental – vibes

Com um pequeno gesto

Vibre!

A conquista não tem tamanho

O frasco pode ser pequeno ou grande ou médio

Quando aberto

Exala na mesma intensidade

O perfume

Então vibre!

A vitória da superação

Qualquer

Não espere

Vibre!

A cada traço passo

O resultado

Não espere para o final

Vá na oscilação

(GeraldoCunha/2021)

Série distopia – distúrbios