Pegadas

Poemas são como pegadas,
Vão ficando pelo caminho,
Por onde tantos passam,
Se dispondo em compasso,
Se dissipando com o vento!

Palavras são como o vento,
Invadem os espaços vazios,
Suspiram janelas entreabertas,
Enchem de poeira o papel,
E se transformam em versos!

Poemas são nossas digitais
Estampadas na escrivaninha,
Dando formas às palavras,
Desenhando sentimentos,
Direcionando nossas pegadas!

Palavras são estes traços,
Que feito nossas pegadas,
Unem-se para contar,
Qual poema desenhado,
Excertos de nossas verdades.

(GeraldoCunha/2021)

Série surtados – projeto Instagram

O que aprendi

A tomar chá quente.
Que quem se preocupa liga.
A entender que a solidão não é só minha.
Que não sou só eu quem precisa dar o primeiro passo.
A não levar as mãos no nariz.
Que quem tem ambição continuará tendo ambição.
A lembrar de regar as plantas.
Que quem é solidário ainda é mais solidário quando é preciso ser solidário.
A não acumular porque vai ter que limpar.
Que quando alguém ausente diz “você está guardado no meu coração” é porque perdeu a chave.
A ocupar os espaço vazios.
Que os alienados continuarão alienados ou mais.
A deixar o acaso dizer a que veio.
Que as maiores distâncias podem ser percorridas em um passo.
A não ter pressa ou pensar que tinha.

(GeraldoCunha)

Série agora desenhos: florais – brotados

(parte 1 – rascunhando)
✏️
Desenho à mão livre com lápis de cor

Série cotidianos- diário

do começo

o dia agarra-se

da necessidade da esperança

batalhas

lutam-se no diário vida

nas folhas descritas

as horas não passam

em branco

enganam-se os que se apegam ao vazio

a tinta invisível denúncia

aos olhos atentos

a rotina cortina os sentimentos

arrasta para debaixo do tapete

os desejos

escrevo os dias

desenho as horas

fotografo os segundos

embalo o tempo

(GeraldoCunha/2021)

M.A.T.E.R.N.O. especial dia das Mães

[do latim maternu]
seus sinônimos

adjetivo substantivado.

afagos afetuosos
na barriga que cresce
rompido o cordão umbilical
lágrimas esquecidas das dores
no primeiro beijo melado

risos soltos ou severos
nos acalantos diários
que sobrevoam a noite
ninam choros insistentes
dengosos dos carinhos

cafuné na criança
aproveitada do colo de mãe
que renuncia aos cansaços da lida
entregando-se ao ócio maternal
advertindo [com iras disfarçadas] as bobas traquinagens

braços que acolhem
a adolescência rebelde
recolhendo as próprias angústias
curando dores alheias
lambendo a cria
tantas arredias

amor inconteste
que acompanha adulta vida
de quem vê eterna criançola
fingindo não carregar tristezas suas
doando-se por inteira
incondicionalmente

Geradora, Defensora, Mãe, Cuidadora, Madre, Protetora, Mamãe.

(GeraldoCunha/2021)

Série vale à pena ver de novo – Útero

Quero voltar para o útero de minha mãe.
De onde não queria sair.
Fui expulso!
Não tive escolha, o mundo se abriu.
E eu curioso quis ver como era.
Achei tudo hipnotizante.
Não entendi bem o que vi.
Não compreendi o que as pessoas diziam.
E quis voltar para o útero de minha mãe!
Mas me foi oferecido só os peitos.
Foi o que bastou para eu querer ficar.
No colo me senti tal-qualmente protegido.
Até o momento que ouvi: vai pra vida!
Criei coragem
E eu fui!
Do que venho vivendo
Muito desgostei,
Outros tantos me foi é indiferente,
Um quanto de tudo e um pouco mais, gostei.
Mesmo assim, hoje quero voltar para o útero de minha mãe.

Que todas as mães em todo o universo sejam abençoadas no seu dia especial … que são todos os dias.

GeraldoCunha