Ontem replantei o jardim.
Vasos novos para a varanda.
Os antigos, quebradiços,
Sufocavam as viventes.
Alguns, sem piedade, despencaram, ao susto.
Sucumbiram ao atropelo do tempo.
Desiludidos lá foram ao chão.
Aviso das necessidades.
Desplantados e descartados,
Terra revolvida,
Renovada e fortificada.
Plantas desbastadas
Raizes aparadas
Regalos para a nova morada.
Berços preparados
Com pedrinhas de drenagem.
Replantio:
Terra, afago, húmus, afago, planta, afago, água.
Um a um… dedicadamente,
Os vasos habitados,
Ao esquecimento das horas.
Lá da sala o lírio da paz observava todo o movimento.
É que há poucos dias decidiu que ia florescer.
Do lado de fora, valsando entre as folhas da frondosa árvore,
O beija-flor, daquele primeiro poema veio ver o acontecer.
(GeraldoCunha/2021)