Porta entreaberta


Não queria estar só.
Timidamente me recolhia,
escondendo atrás das cortinas,
espreitando as frestas das janelas.
Na iminência da proximidade,
sorrateiramente me entranhava
entre as cobertas e ficava ali,
atenciosamente,
prendendo a respiração ofegante,
esperando retornar ao conforto da minha solidão.
Novamente sozinho pensava ter
recuperado minha liberdade,
antes ameaçada,
mas logo percebia que o estar
sozinho não era liberdade
e sim solidão.
E só eu não queria estar.
Impulsivamente eu emergia
daquelas cobertas
que serviam de refúgio e,
ainda ofegante,
abria as cortinas atrás das quais me escondia,
escancarava as janelas,
deixando o ar e sol invadir aquele quarto
e, loucamente,
pedia para você voltar
pela porta entreaberta.

(GeraldoCunha/2017)

2 Comments

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s