Acenda essa luz
Embrenha no breu
Brinca com as sombras
Flerta com o fogo
Acenda essa chama
Língua de fogo
Aquece a dança
Desses pirilampos
Lua que nos sobrevoa
Fogueira que nos aquece
Dança que nos une
Feito vaga-lumes
(GeraldoCunha/2019)
Acenda essa luz
Embrenha no breu
Brinca com as sombras
Flerta com o fogo
Acenda essa chama
Língua de fogo
Aquece a dança
Desses pirilampos
Lua que nos sobrevoa
Fogueira que nos aquece
Dança que nos une
Feito vaga-lumes
(GeraldoCunha/2019)
Não fiz um roteiro,
Fui seguindo intuições.
Tantos atropelos,
Tropeços e quedas.
Outros tantos,
Acertos e sorte!
Quantas vezes
Não sabia a direção,
Mas fui assim mesmo!
E as indicações erradas?
Foram tantas, nem sei!
Arrisquei, apostei
Mas fui assim mesmo!
Depois retomei o curso.
Nem vou falar dos
Arrependimentos…
Por eles me martirizei,
Por algum tempo,
Não muito!
Só o tempo de me reestruturar.
Mas também tive
Bons direcionamentos.
Sem contar as ótimas
Companhias.
Estas foram muitas.
E como foram!
Entre risos e choros
Quantos encontros!
Não fiz um roteiro,
Não, não fiz!
Não por prepotência
Em achar desnecessário.
Mas por inexperiência mesmo.
Muitas vezes foi assim.
Outras pura falta de imaginação.
Confesso!
O certo é que andei
E andei e andei e andei.
Até me encontrar aqui
E sem querer olhar pra trás…
Sigo, sigo em frente sem roteiro.
(GeraldoCunha/2019)
Os ouvidos estão surdos
Para as palavras que clamam!
A boca só, murmura silêncio.
Arrancaram-me a língua!
Amordaçaram minha voz!
(GeraldoCunha/2019)
Caneta
Sangra
Versos
Agoniza
Trêmula
Rabisca
Rasgando
Guardanapo
Ferindo
Palavras
Cravando
Punhal
Afiado
Caneta
Mordida
Derrete
Tinta
Escorre
Versos
Sobre
Papel
Manchados
Poemas
Choram
Lágrimas
Abandonadas
Caneta
Revela
Segredos
Rasura
Verdades
Borradas
Poesias
Derretem
Bebidas
Emboladas
Rasgadas
Tragadas
Queimadas
(GeraldoCunha/2019)
Toque suave nos cabelos
Negros fios a tocar a pele
Seda a escorrer entre os dedos
Cuidado nos prazeres
Mãos de afeto a deslizarem
Envolvendo de amor a face
Calor perfumado que protege
Percorrendo os sentidos
Toque preciso das mãos
Envolvendo a massa
Adoçando os paladares
Servindo aos sabores
Mãos tocadas em oração
Professando a fé
Suplicando uma graça
Agradecendo por devoção
(GeraldoCunha/2019)
Gosto desta imagem aí do espelho.
Jovem! brincando com suas rugas.
Vaidosa! se escondendo dos cabelos brancos.
Atrevida! meio a caras e bocas.
Dissimulada! escondendo partes.
Envergonhada! disfarçando os medos.
Este reflexo que observa
E no silêncio, mudo diz tanto do que reflete.
Este reflexo que se observa
Não pela perspectiva do outro,
Mas do que propriamente construiu.
Gosto deste reflexo aí do espelho.
Revelador das cicatrizes disfarçadas.
Desnudo das inibições cotidianas.
Observador nos detalhes mínimos.
Honesto na medida exata.
Denunciador mesmo do tempo.
Esta imagem às vezes distorcida.
São os percalços da vida…inevitáveis.
Esta imagem às vezes embaçada.
São as angústias da alma…inquietudes.
Este Eu que se esconde e se mostra!
(GeraldoCunha/2019)
É como vir à terra como anjo
E ter as asas arrancadas
É não poder regressar
E ficar sem ter sentido
É querer muito e não alcançar
E ter a certeza do nunca
É querer se agarrar ao pouco
E não ter onde segurar
É lutar para não esquecer
E ter as lembranças embaçadas
É sofrer com a ausência
E achar na dor esperança
(GeraldoCunha/2019)
Imagem: Inhotim/Brumadinho-MG