Tristeza


(oitro poema que gosto muito éGAVETAS de outubro/2016)///…

Carrego comigo tristezas
São saudades acumuladas
Rastros que se foram apagando
Uma pétala esquecida entre páginas
São lembranças que visitam
Cheiros remetendo ao passado
Uma xícara sem asa
São frases que não foram ditas
Mágoas que não se dissiparam
Uma carta não remetida

Guardo comigo tristezas
São pedaços da minha memória
Que não me deixam esquecer
Uma fotografia escondida na carteira
São canções com cheiro e cor
Que dizem muito de quem sou
Um disco arranhado na vitrola
São desejos que foram contidos
Que nunca mais serão compartilhados
Um epitáfio ao fim

(GeraldoCunha/2018)

Divagação 77

Entre o certo e o errado há um infinito de possiblidades, na dúvida fique sempre no meio.

Amizade e transformação – reeditado

A mim me interessa a amizade.
O tempo se encarregará da direção.
Não quero nada que se inicie de outra forma.
O meio vai traçando  o percurso.
O final é simples consequência.

Qualquer outro plano que seja diferente,
Pode estar fadado ao fracasso.
Confiar no tempo é a melhor forma para a conquista.
Explorar cada possibilidade,
Sem ir direto ao ponto,
Sem ansiedade ou atropelos,
Pode ser o caminho ideal em direção ao objetivo.

A amizade permite, sem paixões,
Conhecer o outro e se conhecer,
Permitindo a construção de uma relação sólida,
Que desafia o tempo,
Que não encontra barreira nem mesmo na distância.
Aquela que, na ausência, desperta saudade.

Desistir no curso é sempre uma possibilidade
Mas, lembre-se, é um risco a se correr.
Pegar atalhos pode fazer parte do processo,
É a aceleração do tempo,
Queima de etapas,
Quando se tem certeza do que se quer.

Sentar só, à beira da estrada, pode ser uma necessidade,
Sempre é possível alcançar o outro quando se quer muito.
Só não pode deixar que se perca de vista.
Esquecerá ou será esquecido.

Toda relação que não respeite o tempo,
Que seja fruto de uma tentativa de alimentar a ansiedade,
Não me interessa.
Ser afoito leva a más escolhas,
Cega a percepção de quem realmente
Merece ser visto e conhecido.

(GeraldoCunha/2016-2017)

Ser poesia


(Inspirado no poema Ser poeta, na música popular brasileira e nos girassóis)///

Desculpe-me os infelizes.
Sou poeta!
Se estou triste…
Escrevo.

Desculpe-me os descrentes.
Sou poeta!
Se estou alegre…
Escrevo.

Desculpe-me os incrédulos.
Sou poeta!
Se não sei…
Escrevo!

(GeraldoCunha/2018)

Machuca-me com seu amor


(NÃO ME LEMBRO DA SUA VOZ é um poema de marco/2017)///…
O seu amor me fere
Tatuado em meu corpo
Rasgando minha pele

O seu amor me machuca
Gravado em meu caule
Eternizado em dor

O seu amor me sangra
Riscado a canivete
Secando minha seiva

(GeraldoCunha/2018)

Meu olhar


(Em dezembro/2016 publiquei IMPURO E VIRTUOSO)///…
Se olho para trás é para aprender com meus erros e me alegrar pelos meus acertos,
Meu trunfo é esta história que escrevi,
Com tantos rabiscos, páginas rasuradas e reticências.
Em meu olhar o reflexo de quem sou!

Se olho para o lado é para saber com quem ando e escolher a quem dar a mão.
Meu maior orgulho é ter feito escolhas certas entre tantos equívocos,
Sem que nunca me tivesse faltado uma palavra de apoio.
Em meu olhar o espelho das minhas escolhas!

Se olho para a frente é para não perder o foco e ter um motivo para não querer voltar.
Não dá para insistir em voltar as páginas da vida,
Pois quando uma mão se perde no caminho outra logo se estende.
Em meu olhar a imagem do que construí!

(GeraldoCunha/2018)

Chocolate

Caixa rasgada
Papel amassado
Abusado êxtase
Perfume exalando
Lábios que se mordem
Sentidos acendendo desejos

Toque de língua
Aquecendo a alma
Lambuzados prazeres
Escapando entre os lábios
Derretendo por entre os dedos
Saciando um por um cada sentir

(GeraldoCunha/2018)

Aprisionado

Aprisionado pelos meus pensamentos me distancio da realidade que me cerca
Deixo de perceber quem sou e quem está à minha volta
Os pensamentos me consomem e me transformam em um outro
É quando esqueço quem sou e descubro outro eu
Pois sou tantos mesmo não sendo nenhum na multidão

(GeraldoCunha/2018)

O meu tamanho

Às vezes é do tamanho do mundo
Sem barreiras visíveis
Sem limites estabelecidos
Sem espaços definidos
Às vezes se abre a um vasto
De possibilidades

Às vezes sou imensidão
Às vezes sou solidão
Às vezes sou partícula
Às vezes sou multidão

Às vezes é do tamanho de bola de gude
Pode ser translúcido
Pode ser variável
Pode ser multicolorido
Às vezes luta para permanecer
No círculo riscado no chão

Às vezes sou rompante
Às vezes sou impulso
Às vezes sou derrotado
Às vezes sou campeão

Às vezes do tamanho de um buraco de fechadura
Escondo segredo
Revelo desejos
Dou asas à imaginação
Às vezes curiosidade
Pelo que pouco que não é visto

Às vezes sou mistério
Às vezes sou óbvio
Às vezes sou segredo
Às vezes sou transparente

(GeraldoCunha/2018)

Tatuagem

Tatuei um dragão
Asas em riste
Fogo nas ventas
Leveza no olhar

Tatuei uma fada
Asas recolhidas
Mãos a implorar
Tristeza no olhar

Tatuei uma flor
Pétalas vermelhas
Sangue a escorrer
Lágrimas no olhar

Tatuei uma borboleta
Cores a transformar
Néctar a procurar
Delicadas no olhar

(GeraldoCunha/2018)