Partida – reeditado


(Gostou? veja também O para sempre)…
Se for para partir,
Que seja um pouco a cada dia,
Para que eu possa ir me despedindo,
Para que eu possa ir aprendendo a viver com sua ausência.
Para que eu não fique sem chão.

Partida repentina é crueldade,
Não deixa espaço para a aceitação,
Abre caminho apenas para a resignação,
É abandono inesperado.

Se for para partir,
Que seja a conta gotas,
Festejando cada momento de felicidade,
Desatando todas as amarras,
Deixando apenas saudade.

Partida repentina é covardia,
Ainda que seja necessidade,
Deixa perguntas sem respostas,
Substitui o ponto final por interrogação.

Se for para partir,
Que seja a passos curtos,
Permitindo que eu memorize cada movimento,
Possibilitando que o perfume se perca aos poucos,
Para que eu possa construir minhas lembranças.

Partida repentina é maldade,
Desalento para quem fica,
Ainda que seja liberdade de quem parte,
Vazio que não se preenche com saudade.

Se for para partir,
Que seja companhia até sumir no horizonte,
Que seja lentamente até cada momento se tornar saudade,
Que seja um ato de bravura,
Que seja libertação para quem parte e quem fica.

(GeraldoCunha/originalmente publicado dez/2017)

15 Comments

    1. Bia não tem que se desculpar por pensar diferente! É para isto que são os poemas, para instigar a reflexão. E existem tantas formas de partidas, umas que melhor que sejam de logo, outras que demorem um pouco (sobre esta poetizei). Mas sempre se deve seguir em frente positivamente. Muito obrigado pela sua participação, isto me motiva a divagar mais e mais. Abraço!

      Curtir

      Responder

Deixe um comentário