Tempo de festejar

Tempo que foi.
Intenso nas emoções.
Perseverante nas ações.
Deixando alguma saudade.

Tempo que vem
Depositado de esperanças.
Permeado por promessas.
Carregando otimismo.

Tempo que se desfaz.
Levando mágoas.
Sepultando recentimentos.
Expurgando desesperanças.

Tempo que se refaz.
Trazendo o perdão.
Acompanhado de compreensão.
Acreditando na renovação.

Tempo de festejar.
Esquecendo rancores.
Comemorando amizades.
Celebrando as vitórias.

Zero hora


Depois de deixar de acreditar nas pessoas fica difícil seguir em frente, pois todos os projetos traçados e todos os objetivos de vida não são pensados para se fazer sozinho.
Bate o cansaço de buscar por pessoas e permitir que outras se aproximem.
Surge a dúvida, a desconfiança e o medo, que se transformam em desinteresse.
Aos poucos vai deixando de acreditar, desconfiando de suas escolhas e duvidando dos caminhos seguidos.
Deixa também de ser acreditado, observado e escutado.
Aos poucos se percebe que está falando para paredes e muros, vagando sem rumo, completamente invisível.
O melhor é zerar o relógio e começar tudo outra vez.
O recomeço é algo difícil e, a toda vez que o relógio é zerado, um pouco se perde.

Percurso e chegada

Estivemos juntos ou não, mas presentes em pensamentos.
Preferimos o silêncio às palavras, mas assim nos comunicamos.
Nos estranhamos às vezes, mas no final estávamos ali juntos.

Percorremos caminhos, seguimos o rumo que achávamos o certo.
Pegamos atalhos, quando acreditávamos ser a melhor opção.
Nessa nos aproximamos e nos distanciamos.

Tentamos o quanto foi possível.
Entre tentativas e frustrações, algumas desistimos, outras acreditamos.
Gratidão sempre pelo percurso, que é o mais importante.

Cruzamos a linha de chegada.
Sem querer olhar para frente ou para trás .
Mas com muita vontade de olhar para o lado e lá estar você.

Mensagem para todos os dias

Hoje quero que o dia seja o mais feliz de todos.
Hoje quero tristeza para menos e alegria para mais.

Hoje é o dia mais especial de todos.
Hoje não é passado nem futuro.

Hoje é um presente.
Hoje é celebração.

(GeraldoCunha/2017)

Poema da felicidade


Gostou? veja tambem: Poema para você um dos meus preferidos.

Procurei lá fora, não encontrei.
Vi muita estampada em rostos estranhos.
Tentei compreender, não pude.
Aqueles sorrisos não eram para mim.

Encontrei cá dentro.
No aconchego de uma xícara de café que repousa no pires.
Na esperança depositada em um verso que cai sobre o papel.
Na tranquilidade de um dia comum.

Procurei ao longe, não encontrei.
Vi só alegria passageira.
Tentei absorver, não pude.
Aquelas histórias de vida não eram minhas.

Encontrei cá perto.
Em gestos despretensiosos.
Em movimentos não ensaiados.
Em atitudes inesperadas.

Não encontrei no anonimato das ruas.
Não precisei viajar para o longe.
Encontrei em momentos de espontaneidade.
Estava esquecida em cantinhos da minha memória, abandonada.

Felicidade é olhar para uma parede vazia e ver uma bela paisagem.
Felicidade é estar sentindo-se em paz no meio de uma guerra interior.
Felicidade é transformar segundos em horas de alegria.
Felicidade é não sentir falta de algo que não se sabe o que é.

Hoje a felicidade me visitou.
Servi uma xícara de café.
Escrevi um poema.
Convidei para ficar.

(GeraldoCunha/2017)

Voamos para o longe

Quando você finalmente pousou, eu  já havia perdido a esperança.
Preparava para voar sozinho, ir em busca de outro sonho.
Demorou demais para se aproximar.
E quando o fez não conseguiu sequer completar uma frase.
Fosse outro o tempo, nem seria preciso, pois saberia o que ia dizer.
Hoje já nem sei ou se sei não mais me interessa.

Entre o distante e o se aproximar, tive espaço para observar ao redor.
E o seu pouso não era mais que uma expectativa frustrada.
Percebi que o mundo é maior e não cabia mais naquele minúsculo espaço.
Sufocado, deixei você ficar, mas não eu.
Voei para longe, por isso você não mais me encontrou.

Era paixão.
Fosse amor.
Teria chegado na hora certa ou isto não seria importante.
Não precisaria de frases perfeitas, bastaria apenas estar.
Transformaria aquele pequeno espaço em um mundo só nosso.
Seria um voo de chegada, sem hora de partida.

(GeraldoCunha/2017)

Divagação 65

O meu silêncio é resposta para tantas perguntas que não deveriam ter sido feitas ou sequer pensadas.


(GeraldoCunha/2017)

Quanto mais, menos…

Quanto mais…

Quanto mais tento me simplificar, sinto-me mais complexo.
Quanto mais tento me fazer compreender, sinto-me mais incompreendido.
Quanto mais tento me aproximar, sinto-me distanciando mais e mais.
Quanto mais tento ser grupo, sinto-me mais isolado.
Quanto mais tento ser nativo, sinto-me mais estrangeiro.

…menos.

(GeraldoCunha/2017)

Partida

Se for para partir,
Que seja um pouco a cada dia,
Para que eu possa ir me despedindo,
Para que eu possa ir aprendendo a viver com sua ausência.
Para que eu não fique sem chão.

Partida repentina é crueldade,
Não deixa espaço para a aceitação,
Abre caminho apenas para a resignação,
É abandono inesperado.

Se for para partir,
Que seja a conta gotas,
Festejando cada momento de felicidade,
Desatando todas as amarras,
Deixando apenas saudade.

Partida repentina é covardia,
Ainda que seja necessidade,
Deixa perguntas sem respostas,
Substitui o ponto final por interrogação.

Se for para partir,
Que seja a passos curtos,
Permitindo que eu memorize cada movimento,
Possibilitando que o perfume se perca aos poucos,
Para que eu possa construir minhas lembranças.

Partida repentina é maldade,
Desalento para quem fica,
Ainda que seja liberdade de quem parte,
Vazio que não se preenche com saudade.

Se for para partir,
Que seja companhia até sumir no horizonte,
Que seja lentamente até cada momento se tornar saudade,
Que seja um ato de bravura,
Que seja libertação para quem parte e quem fica.

(Gostou? veja também O para sempre)
(GeraldoCunha/2017)

Escolhas (pergunta e resposta sempre em construção)


É possível conviver com nossas escolhas, sejam boas ou ruins.
Pergunta ou resposta?

Muitas vezes me fiz esta pergunta, outras tantas já fui respondido, mas houve aquelas em que o silêncio imperava.
Depois de fazer algumas boas escolhas e outras tantas ruins, agora sentindo o peso de cada uma delas e reflexos que geraram, ponho-me a refletir.
Aquelas que consideramos boas escolhas são imediatamente incorporadas, sem nenhuma dificuldade, não importa o quanto de resistência seja imposta.

Porém, o processo de convivência com as escolhas não tão boas assim, ou ruins mesmo, é mais tormentoso é doloroso.
Mas há quem faça a indagação – Se é uma escolha, por qual razão optar por alguma que seja ruim? 

A resposta que tenho hoje é simples – Porque sim. Sim, às vezes fazemos escolhas ruins conscientemente, mesmo sabendo que vão machucar, trazer angústia e causar medo.
Há quem diga que estas escolhas, por serem ruins, não são conscientes, não acredito. Escolhas não tão boas assim trazem consigo o desafio de provar o contrário, mesmo sabendo do grande risco que corremos e das poucas chances de sucesso.

Não podemos negar, somos, em boa parte, especialistas em escolhas ruins. Aliás, somos induzidos a dar mais valor e importância a estas escolhas. Então, conviver com estas escolhas, até que possam ser abandonadas, é o desafio.

Só não podemos nos acostumar com tais escolhas e resignados deixar de acreditar que tudo pode ser diferente, ainda que, neste exato momento, tenha optado, mais uma vez por uma escolha ruim, qual seja, a de acreditar que não há mais esperança e espaço para coisas boas. 
(GeraldoCunha/2017)

Divagação 64

Procure dentro de você o senso de justiça, não espere que venha de fora.


(GeraldoCunha/2017)

Historieta – Um vulto à espreita a me observar

(Gostou? veja também: Lembranças)

I – O porta-retratos
O que quero dizer é muito importante. Entre fotos espalhadas pelo chão vi, em uma especificamente, sua imagem refletida. Lá estava você, em um porta-retratos bem ao fundo, sobre uma mesinha de madeira envelhecida, ao lado de uma vitrola antiga. Mas era apenas um reflexo. Sem entender, afoito, à sua procura, não me contive, vasculhei, uma a uma, cada fotografia. Separei as que contavam histórias passadas naquela sala, em todas sua imagem aparecia refletida, agora não apenas em um, mas em todos os vidros dos porta-retratos espalhados naquele espaço.

II – A vitrola
O que quero dizer é muito importante. Não tinha percebido quantos porta-retratos havia naquela sala, nem que sobre a mesinha repousava uma vitrola antiga. Não lembrava que gostava de música e que sempre ao chegar em casa, cansado do trabalho, tirava os sapatos, escolhia um disco e me jogava no sofá. Naquele momento, estranhamente sentindo a sua presença, era só aconchego. Entre tantas fotografias reviradas ao chão, antes esquecidas nas gavetas e em velhos álbuns de fotografia, só agora percebo nelas o seu reflexo, esteve aqui todo o tempo e eu podia sentir, apenas não entendia.

III – A mesinha de madeira envelhecida
O que quero dizer é muito importante. Acreditava estar só, mas ainda assim sentia sua presença, procurava sem encontrar. Voltando minha atenção para aquela mesinha de madeira envelhecida, veio a lembrança de momentos de felicidade. Deixada na casa pelos antigos moradores, aquela mesinha devia conhecer muitas histórias passadas naquela sala. Serviu de apoio para muitos porta-retratos. Naquele dia eu estava só como de costume, mas sentia sua presença muito forte, cheguei em casa, retirei os sapatos deixando-os jogados, joguei as chaves sobre a mesa sem prestar muita atenção nos meus gestos. Liguei a vitrola, sem perceber qual o disco estava tocando. Lembro que segurei o porta-retratos por um instante, sem entender a razão daquele gesto. Olhei, mas nada vi além da paisagem por trás daqueles rostos esbanjando uma falsa felicidade. Ao voltar o porta-retratos para a mesinha de madeira envelhecida, estranhamente senti a sua presença, mas não o vi.

IV – A sala
O que quero dizer é muito importante. Dentre todos os porta-retratos espalhados pela sala, aquele em especial chamava a minha atenção, pois estava em frente ao sofá. Enquanto escutava a música tocando na vitrola, aquela melodia relaxante, na penumbra eu observava os detalhes daquela sala, não eram muitos, poucos eram os móveis, a parede era sem cor, os quadros não tinham expressão, faltava algo. Tantos porta-retratos espalhados não ajudavam a dar brilho e sentido àquele espaço. No meio de todo aquele cenário desolador, bastava o sofá, a vitrola e o porta-retratos à minha frente para sentir a sua presença e, naquele instante, por alguns minutos me transportava para um lugar que era só aconchego e de onde não queria mais voltar. 
V – Sua imagem
O que quero dizer é muito importante. Olhando todas as fotografias espalhadas pelo chão, percebi que todo este tempo me alimentei do seu reflexo. Aquela música que sempre tocava na vitrola antiga, que ficava repousada na mesinha de madeira envelhecida era para você. Agora percebo e posso entender aquele sentimento de felicidade. Fazíamos companhia um ao outro. Tímido, era um vulto à espreita a me observar e isto sempre foi muito importante e ainda é.
(GeraldoCunha/2017)