(Gostou? veja também: Suave absurdo)…
Pedra
Pedregulho
Pedrada
Peso
Pesa
Pena
Pulsa
Pensa
Pedrada
Pedregulho
Pedra
A calmaria
Acalma
A alma
(Gostou? veja também: Suave absurdo)…
Pedra
Pedregulho
Pedrada
Peso
Pesa
Pena
Pulsa
Pensa
Pedrada
Pedregulho
Pedra
A calmaria
Acalma
A alma
Impuro ontem, virtuoso hoje.
Um mesmo corpo e uma mesma mente podem abrigar.
Disso sei eu ….. e outros saberão.
O que pesa é o julgamento.
Não somos o que confessamos, o que se vê não passa de ilusão,
é apenas aquilo que você prefere enxergar.
Para você não passo de uma ilusão.
Sou alma retocada.
Preciso de uma conversa sincera, verdadeira,
que só posso ter comigo mesmo, pois o outro não me alcança.
O medo da transparência isola, uma parte de mim quer gritar!
E por medo dá apenas dicas.
Direciona para aquilo que você não conseguirá enxergar.
O medo de se revelar impede ver o outro.
Vamos falar então do impuro.
Incógnito, você e seu reflexo se fundem.
A verdade transparece na penumbra, no anonimato.
Penso ser só físico, mas nem sempre o é.
Sendo eu, encontro-me pleno quando posso dividir esse momento,
que à primeira vista é só físico, com outra alma confessa.
Vivemos minutos ou horas de verdade.
Hoje virtuoso, reflito…!
Minha realidade é uma farsa que os outros impõem para não se mostrarem.
Ao me revelar não mostro quem sou – virtuoso ou impuro –
mas o que os outros também não querem ver refletido.
(21/09/2014)
Prisioneiro dos meus desejos.
Escravo das minhas convicções.
Soterrado por ideologias.
Sufocado por rancores.
Paralisado fiquei.Serrando grades.
Rompendo correntes.
Emergindo para o novo.
Respirando perdão.
Ensaio um movimento.Liberto, não sei por onde ir.
Sem rumo, não quero voltar.
Angustiado, tento resistir.
Consciente, não caibo naquele espaço.
Convicto, tenho esperança.Deixo pelo caminho correntes.
Leve, não sinto mais seu peso.
Sereno, não sinto mais aquela dor.
Estranho, não me reconheço mais.
Resoluto, não olho para trás.Relutante, controlo os desejos.
Equilibrado, pondero convicções.
Sábio, revejo ideais.
Livre, resisto ao desapego.
Sem correntes e grades, hoje sou prisioneiro da liberdade.(GeraldoCunha/2017)
fotografia: Chapada dos Veadeiros.
Viver é percorrer por trilhas, superando todos os seus desafios, dos mais leves aos mais desafiadores, mas sempre aproveitando os momentos de felicidade.
Nessa caminhada o que menos importa é a chegada se prestarmos atenção nas belezas que encontramos no trajeto e aproveitarmos a companhia de quem está caminhando junto.
(GeraldoCunha/2017)
Tanto se falou da noite,
Noite que é aconchego,
Noite que é rebeldia,
Noite que se esconde,
Noite que se mostra.
Tanto se conspirou contra noite,
Noite que promete o encontro,
Noite que se contenta com solidão,
Noite que produz sons estranhos,
Noite que se faz de silêncio.
(GeraldoCunha/2017)
Silencio…
Para reorganizar minhas ideias.
Quando nada há para ser dito.
Em momentos que silenciar é a melhor resposta.
Para degustar um bom vinho e me deliciar com a comida servida.
Por preguiça mesmo de pensar no que dizer.
Para não ofender com uma verdade que precisa ser falada mas que não quer ser escutada.
Silencio, pois no silêncio me expresso, quando nenhuma palavra precisa ser pronunciada e, mesmo assim, sou entendido.
(GeraldoCunha/2017r)
Tudo não passou de um sonho. Uma tentativa de ser feliz.
Quando percebi estava no mesmo lugar, andei em círculos.
Em círculos permaneço e a vida vai acontecendo ali do lado.
Eu em círculos vejo retas indo e vindo, seguindo uma direção rumo ao incerto, ao novo, ao inesperado.
Permaneço em círculos e, em sonhos, tento ser feliz.
Hoje eu não quero fazer mais nada, a não ser olhar o tempo.
E já faço muito, pois é tarefa por demais árdua.
Entro num jogo que quase sempre perco.
Olhar o tempo requer pensar no que foi, no que é e como será.
Ufa! Só de pensar canso.
Mas não desisto.
O não fazer nada é um engano, embaralhamento das ideias.
Eu sei, mas quero jogar.
O tempo se mistura, o que foi, parece ainda ser e talvez nunca será.
Não, não e não.
Não quero pensar e por isso fico só a olhar o tempo.
Penso não fazer nada, mas faço.
Penso, é isso!
Como esvaziar a mente se penso?
No foi, no é, no agora?.
Mas tudo é hoje, fagulha de tempo, quando se vê, veio e foi.
Então apenas é e fico a olhar o tempo, enquanto não faço nada.
Estou enganando a quem? A mim talvez.
Só não engano o tempo, que no meio do nada, neste jogo, me lembra o que fiz, quem eu sou e como gostaria que fosse.
Nessa de não fazer nada, acabo fazendo mais do que deveria.
Jogo com o tempo e ele quase sempre ganha, pois tem nas mãos o que foi, o que é e como será.
Nessa de olhar o tempo, entro em um jogo de cartas marcadas em que tenho a meu favor apenas o fator surpresa. Algumas vezes ganho, em muitas perco, mas continuo. E eu que não queria fazer nada e só olhar o tempo ?!
(GeraldoCunha/2017)
Deixa-me explicar minha loucura.
É excesso de amor.
Uma gota de (in)sanidade.
Explosão de alegria despretensiosa.
Medida a conta-gotas.
Deixa-me justificar minha loucura.
É escassez de infelicidade.
Uma porção da tristeza a se esconder.
Implosão de sentimentos incontidos.
Medida em proporções.
Deixa-me explorar minha loucura.
É prazer de fugir à razão.
Uma dose dos pensamentos sórdidos.
Perturbação da ordem normal.
Medida em pequenos goles.
Deixa-me defender minha loucura.
É condição do próprio existir.
Uma concha dos desatinos.
Percepção da verdade distorcida.
Medida em gramas.
Deixa-me viver minha loucura.
É expressão do meu ser.
Uma parcela do que sou.
Extensão do racional.
Medida em quilômetros.
(Texto com correções gramaticais)
Resoluto, não há mais causa para lutar.
Convencido, pensa que cumpriu sua jornada.
Firme, não quer se convencer do fim.
Determinado, vai em busca d’outras batalhas.
Ousado, rompe com os obstáculos.
Soluto, vai de encontro ao inusitado.
Perseverante, não se abala com o inesperado.
Consumido, não se entrega ao desatino.
Decidido, não desiste no primeiro confronto.
Audaz, se reinventa a cada derrota.
Enérgico, se pune.
Corajoso, aprende com os erros.
Atrevido, imagina novas táticas.
Ajustado, lamenta as perdas.
Estoico, comemora mais uma vitória.
Você me deixa intrigado, mas ao mesmo tempo, me motiva.
Você atravessa uma linha tênue e eu gosto.
Você parece brincar, mas vejo comprometimento.
Talvez eu esteja enxergando onde não tem nada pra ver.
Talvez eu queira escutar o que o seu silêncio diz.
Talvez eu sinta, apesar da ausência do toque.
Talvez você e eu sejamos apenas isto.
Talvez você e eu não tenhamos a coragem necessária.
Talvez você e eu queiramos ser…amigos.
Talvez só isto não baste para você e para mim.
(GeraldoCunha/2017)
Fazia planos todas as noites, esperando começar a realizá-los logo que o dia amanhecesse.Mas o sono não vinha, se vinha era por pouco tempo, sobrava tempo para mais reflexões.
Mais planos eram idealizados, diante da percepção de que muito ainda podia ser feito para alterar por completo aquela vida que estava ali, por tanto anos, parada, no mesmo lugar, sabotando qualquer tentativa de fazer diferente.
Amanheceu. Agora sonolento pela noite mal dormida, já não se lembra de todos os planos traçados, os poucos que se recorda pensa que podem ficar para outro dia, o sono tardio convida a ficar na cama.
Desperto, já tarde do dia, percebe que nada mudou, acordou, tomou café, ouviu a música de sempre, comeu a refeição e deitou novamente, depois de tentativas de sair daquela rotina.
Já não importavam os planos traçados na noite anterior. Dentre os poucos de que ainda se recorda, para cada um, uma desculpa para começar a colocá-los em prática mais tarde.
Com a tarde indo embora e a noite querendo se mostrar, percebe-se sem rumo. Nada fez, permitiu que a vida continuasse exatamente como está. Fez um lanche, comeu uma fruta e tomou um gole de café.
Em frente à televisão hipnotizado e sem esperança, fazendo-se acreditar que os planos não eram para hoje e que poderiam ser colocados em prática amanhã, quando aquelas desculpas já não fizessem mais sentido e outras não pudessem ser inventadas, espera por nada, até a hora de tomar um copo de leite e deitar novamente.
Anoiteceu, deitado, é hora de refazer os planos, pensar nos motivos e desculpas que impediram fossem realizados e ter esperança de que estes novos planos lhe darão um rumo diferente, mas o sono não vem.
(Geraldocunha/2017r)
(texto de 2016, reeditado, para lembrarmos da força e importância da amizade)
Como não acreditar na força da amizade, quando, no pior momento da vida, em que as pessoas à volta vão aos poucos se afastando, você chega, vê um trapo humano lutando contra suas fraquezas, e, mesmo não tendo obrigação de ficar, diz: – não importa, vamos seguir juntos!
Não é razoável sentir-se pleno e realizado sem dar ao menos uma contribuição para o desenvolvimento social da comunidade. Não falo de pagar impostos, protestar com discursos inflamados, comprar entradas com alimentos não perecíveis, fazer uma doação de agasalhos ou dar umas moedas a um pedinte necessitado. Estes, como tantos outros, são gestos e atitudes que fazem parte da rotina e que sempre vão existir. Falo de humanizar as relações, trazendo neste discurso retórico uma reflexão que todos certamente fazem na solidão de seus pensamentos, mas que nem sempre adotam. Somos seres solitários vivendo em grupo!. Ao mesmo tempo que temos a necessidade de estarmos sós, para construir ideias, queremos estar rodeados de pessoas, para expor e compartilhar estes pensamentos. No entanto, nem sempre estamos preparados para, abrindo mão de nossas ideias, pensamentos e opiniões, parar para ouvir e ver o outro. Há uma necessidade de julgamento, viramos todos juízes dos pensamentos, ideias e comportamento dos outros e, às vezes, do nosso próprio. Com isso o que era para ser compartilhamento de ideias se transforma em acaloradas discussões, na tentativa de imposição e sobreposição de um pensamento ou modo de ser e se apresentar. É preciso, para o desenvolvimento de uma sociedade, a adoção de pequenos gestos cotidianos, simples e que resultam em uma mudança de comportamento e modo de pensar. Cumprimentar as pessoas, ainda que com elas nunca venha a dialogar; manter um sorriso no rosto, mesmo dentro do elevador; perguntar como foi, está ou pretende que seja o seu dia; esperar que o outro exponha suas ideias para que você possa, se for caso, expor as suas e de alguma forma contribuir para a evolução do pensamento do outro, sem se impor ou julgar. Lembre-se, não existe uma única forma de pensar e de agir. Não há um manual a ser seguido. São comportamentos e atitudes que não temos o hábito de praticar, pelo nosso egoísmo mesmo de querer, seres solitários, viver em comunidade sem compartilhar. Este é apenas mais um discurso retórico, que se afirma em uma ideia pronta, respeitando as opiniões contrárias, para provocar uma mudança simples e eficaz de comportamento. (GeraldoCunha/2016)